quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pedras

Há versos em que pedras são bençãos.

Há benção quando delas escapar

No raro dessabor de sentir-se diferente, quando de tantas pedras se esquivar.

Mas afinal, porque nem todos foram apedrejados?

É que de alguma forma,

nem a todos as pedras podem alcançar,

por conta de alguma força que ninguém pode explicar.

Atirar, desviar ou enfrentar?

Há versos em que de pedras nunca d`antes ouviu-se falar.



terça-feira, 28 de julho de 2009

Teoria do desejo inconsciente da não evolução alheia.

"As pessoas direitas são guiadas pela honestidade. A maldade dos falsos é a sua própria desgraça."(Rei Salomão)

E então me pergunto em que momento da recente evolução humana criou-se uma defesa individual e antecipada em detrimento do semelhante. Evolução? Semelhante?

Que evolução é essa que transformou um animal com características eminentemente sociais e políticas num ser de sórdido e mascarado individualismo?

Existem, e não são poucos, os que não conseguem assistir a evolução alheia, e o que é pior, ainda tendem a usar de artifícios para evitá-la.

Sabe daqueles comentários do tipo “Poxa, você tão lindo(a) cheio(a) de si, vai namorar? Isso não combina com você”.? Provavelmente palavras advindas de uma fragata encalhada á 1000 anos que morre de medo de se ver só em oceanos de solidão.

E aqueles que tendem a condenar todos os seus projetos, mesmo que depois de um tempo ponham em prática aquilo que você aconselhado não fez? Será que você é uma ameaça ao “império financeiro” alheio? Será que estabilizado você apagaria (ainda mais) o brilho de outrem?

Há também os sóis, esses indescritíveis centros do universo, advindos geralmente de vidas confortáveis e vazias regadas a conquistas alheias, cheios de propriedade em suas teorias e conselhos que deveriam ser aplicados á sua própria vida e mesmo não sendo, são utililizados com tom de recriminação quando ditos com interesse único de te “ajudar”. Gostaria de saber o que Freud diria da frase “Faça o que eu digo e não o que eu faço”. Vão bronzear outro!

Quero crer que esse desejo da mala fortuna alheia seja algo inconsciente, advindo de algum momento de extrema dificuldade na evolução humana, mas confesso que em alguns momentos me acho descrente no homem. Me vejo perdido em meio a tanto negativismo.

É que existem idiotas como eu e talvez alguns de vocês que lêem esse texto, que não se sentem semelhantes aos semelhantes e continuam a todo momento desejando que o semelhante evolua.

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Jogo do Tempo

O mal em levar a vida como se fosse um tabuleiro de xadrez, é que as regras estão em mutação a cada milisegundo.

O rei em xeque e a morte em cenários preto e branco tomam conotações e interpretações dependendo do jogador, que por vezes, joga sozinho. Sim, pois nem sempre o desafiado está na frente do tabuleiro. Nem sempre o desafio vale.

E então, você ainda se lembra das regras do jogo? Talvez nem daquelas que você alterou.

Talvez nem das trapaças que tentou!

E êxitos, logrou?

As cartas na manga são trunfos ou truques de mágica? Trunfo em detrimento! Mágica em ilusão.

E do jogo, ao jogador resta a dívida das perdas. Dívida para com a vida, e a pior, dívida para consigo próprio pelo tempo perdido nas mesas de táticas falhas, blefes pontiagudos, e quiçá, alguma vitória a comemorar-se só.


Xeque mate!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A Construção da Alma

E como se constrói uma alma? A desfazendo.

Mitos, tabús, convicções, experiências, vivências, memória genética, se formam e vêm abaixo milhares de vezes durante a vida.

Menos doloroso se tivessemos o poder da Fênix e ao sentir o desmoronamento próximo, construíssemos uma pira na qual a alma fraca morreria e renasceria em glória. Não é assim.

A batalha interna de porquês por vezes nos afoga em redemoinhos sob mares truculentos. Esses mares, geralmente não são seus. Esses mares sequer são navegáveis.

Na terra firme, de pensamentos frios e atitudes pensadas, estão sempre ao alcance mares de sedução. Há sempre uma ilha deserta de areia branca e águas límpidas.

Na terra firme de pensamentos frios e atitudes pensadas, está sempre ao alcance aquilo que se procura ao navegar. Por que navegar?

Da vida faz parte o risco, e da inércia a dúvida. Fernando Pessoa, concordo contigo. "Navegar é preciso", mas viver também.

E é da vivência, que ao içar velas saberemos que naqueles mares podem se esconder tesouros e armadilhas e saberemos lidar com âmbas como se as águas fossem sempre um tapete de calmaria.

Ramos de sálvia, mirra e canela, e o fogo dos novos tempos em uma alma ressurge, trazendo das cinzas mais experiência. E insurge contra o que aflige, mais forte, mesmo ao acumular a carga dos pesos sofridos.

É que nem só do bem a alma é feita. É preciso revoltar-se, é preciso defender-se, é preciso amar-se.